domingo, 5 de maio de 2013

Clássicos: Anna Kariênina, Liev Tolstoi

Depois de meses de hiatus, estamos de volta, minha gente! O blog está passando por reformulações, então teremos uma ou outra coisinha nova por aqui, o que inclui colunas e, como deve ter dado pra reparar, já não nos esconderemos sob um pseudônimo para postagens. Alguns dos Autores podem até ser Anônimos, mas nós daremos a cara a tapa agora.

Hoje iniciamos os trabalhos com uma coluna quinzenal sobre clássicos da literatura, com resenhas e indicações de livros que valem a pena serem lidos. E não poderíamos começar melhor, com um romance que é um dos meus favoritos para todo o sempre:





Sinopse: "Todas as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira." Esta é uma das aberturas mais famosas de todos os tempos, e ainda hoje impressiona a sabedoria concisa com que Tolstói introduz o leitor no universo de Anna Kariênina. Muito do que o romance vai mostrar está contido nesta frase. A personagem-título, ao abandonar sua sólida posição social por um novo amor, e seguir esta opção até as últimas consequências, potencializa os dilemas amorosos, vividos dentro ou fora do casamento, de toda ampla galeria de personagens que a circunda. O amor, aqui, não é puro idealismo romântico... (Fonte: Skoob)


A sinopse acima não poderia ser mais acertada. Além de ter um dos melhores começos de livro de toda a literatura, o livro prima pela visão realista do amor e de suas consequências.

Após uma crise no casamento de Stiva, Anna, sua irmã, visita-o para tentar ajudar a consertar o estrago feito por ele. Na estação de trem, ao voltar para casa, Anna conhece o Conde Vronsky, o que mudará completamente a vida de várias pessoas próximas a estes personagens, inclusive a do casal.

Qualquer possibilidade Romântica é destruída ao sermos presenteados com um caso de adultério nada sutil, em que pouco a pouco Anna vai perdendo não só a sua posição e prestígio social, mas também a sua própria personalidade modifica-se e ela entra em um ciclo de paranoia e ciúmes, demonstrando sentimentos contraditórios em relação às pessoas próximas a ela - desde o amante Vrosky, até o marido que lhe havia sido imposto, Karenin. 

Tolstói tem uma maneira muito própria e interessante de mostrar a evolução de personagens ao longo da narrativa, desconstruindo qualquer preconceito e/ou certeza que tenhamos em relação a eles - e comparar o estado inicial deles, com o que eles se tornam ao final do livro, é um exercício narrativo sublime.

Mas o romance Anna Kariênina só é deste modo porque, para todas as ações da protagonista, há o contraste entre ela e o personagem Levin.

Anna é uma personagem urbana, que "sucumbe" ao adultério e perde todas as virtudes socialmente aceitas que são esperadas de uma mulher casada e de posição social respeitável. Já Levin acredita na pureza na vida do campo e nas virtudes de uma vida simples sob as bençãos do casamento ao lado da pessoa amada, sempre desconfortável com a falsidade que a vida em sociedade proporciona. Levin também é responsável por considerações filosóficas no livro que o tornam encantador, seja pela sua visão realista da vida, seja pelo seu modo de se relacionar com aqueles próximos a ele - tanto sua esposa, quanto os criados de sua propriedade e demais personagens. 

Curiosamente, Levin e Anna só se cruzam uma única vez (se não estou enganada) e não têm nenhum diálogo, mas as vidas dos dois estão intrinsecamente ligadas por causa das consequências que o caso entre Anna e Vronsky causam.

Falar mais que isso é entregar a beleza de um romance fantástico, que parece despretensioso no começo, mas ganha corpo ao longo da narrativa e cresce em tensão, culminando em um desfecho de tirar o fôlego e absolutamente chocante e arrebatador.

Nenhum comentário: