segunda-feira, 13 de maio de 2013

Chá das cinco


Chá das cinco (ou quase) – A revolta da sala de aula chamada Brasil

Primeiramente, olá! Eu sou a Elizabete, mas você me verão usar meu apelido de vida por aqui. Conforto sobretudo! Bom, seguindo a nova ordem no nosso blog, eis-me aqui para falar do cotidiano meio desorientado da nossa língua, tão maltratada que é, mas tão fascinante também.

Segundo, esperamos que os comentários tragam novos temas para abordarmos. Não se sintam envergonhados, precisamos de vocês também, ok?

E agora, ao assunto...

Quando os jornais noticiaram com alarde sobre as redações do Enem que obtiveram notas razoáveis, apesar de terem em seu conteúdo receita de miojo e hino de clube de futebol, me peguei considerando a seriedade da ‘revolta’.


Normalmente, o público considera grosseira e absurda qualquer tipo de manifestação favorável ao que muitos classificam como abominações da língua. Mas o que me incomoda mesmo é o fato de as pessoas se amarrarem a conceitos que nem de longe representam o organismo vivo que é a língua portuguesa.

Não me levem a mal, não sou sociolinguista, muito menos purista. Na verdade, acho que qualquer estudioso da língua, por mais defensor que seja de um lado ou do outro, está sempre navegando dentro de todas as tendências existentes. Não há motivo para ser purista em um momento em que falar “errado” não é tão ruim assim, mas “escrever” fora do que é supostamente esperado é um escândalo. Não faz sentido! Especialmente nesse momento em que a língua que se ensina nas escolas está intimamente ligada à dinamicidade das redes sociais.

Li algumas reportagens, inclusive algumas entrevistas de especialistas, e percebi que as pessoas esperam que os jovens sejam poços repletos de conhecimento endurecido pela rigidez das gramáticas, que nem são tão rígidas assim. É preciso lembrar que se aprende uma coisa na escola e vive-se outra realidade, principalmente nas redes sociais. A quantidade de comentários escandalizados com o fato de as redações terem sido até mesmo consideradas como válidas para correção era o que mais me deixava impressionada. O que esses 'especialistas' diriam se soubessem que não há nada de errado em colocar o hino do Palmeiras no meio de uma redação, desde que quem a escreve não se perca e acabe fugindo do tema. Bom, eu não vejo problema, mas preferiria o hino do Flamengo!

Bom, aparentemente a explicação do Ministério da Educação não foi suficiente para convencer os pseudo-especialistas que agora se regozijam com o fato de o MEC ter determinado a eliminação caso o candidato não siga o tema proposto. Agora, me digam, será que essa proibição vai mesmo impedir que os espertinhos aprontem das suas? Eu acho muito difícil. Essa restrição (que para mim tem cara de proibição sumária) é uma tentação grande demais para resistir.

Nós, que aprendemos (ou tentamos) português na escola na base das frases soltas nos quadros, das redações “Como foram as minhas férias?”, das aulas de literatura sempre chatas e sem propósito algum, que tentavam enfiar clássicos goela abaixo dos alunos apenas por estarem no programa, deveríamos nos lembrar de que o mundo não está apenas mudado, mas em constante e infinita mudança. E essa, na minha opinião, é a maior ironia ao redor dessa polêmica criada por pessoas que não pouparam críticas, mas se omitiram em dizer que se você se faz entendido, tudo é possível.


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